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O que BBB te ensina sobre Marketing e Storytelling

Tirem os livros da sala! Afinal, esse tal de Big Brother é pura alienação e não dá para tirar nada de útil desse programa. Ou será que estamos enganados?

Que o Big Brother Brasil é um antro de alienação todos nós estamos cientes. Até porque sempre tem um chato para te lembrar disso. Mas, beleza. Agora que estamos de acordo em relação a isso, bora falar da outra parte? Sim, como mostra o título, olhar BBB pode te dar dicas valiosas de como usar narrativas para se conectar com a sua audiência e aumentar as suas vendas.

Então, a verdade é que o programa é um sucesso. De forma resumida, ele funciona assim: 20 participantes entram numa casa. Metade deles são camarotes, pessoas conhecidas do público, e a outra metade são pipocas, jogadores anônimos com o sonho de serem ricos e famosos. Toda semana, os jogadores votam entre si e mandam quem eles querem que saia para o paredão para a audiência decidir. Ganha quem chegar ao final do programa e conquistar a simpatia do público, com o último paredão valendo o prêmio de 1.5 milhão de reais.

Em 2021, o elenco composto por camarotes, grupo de participantes conhecidos do público, como Karol Conká, Nego Di, Projota, Fiuk, Rodolffo, e pipocas, grupo de participantes anônimos, como a paraibana Juliette, Gil do Vigor, Arthur de Conduru, Caio Afiune e Sarah Andrade, cativou o público.  Com episódios recheados de atritos, brigas e discussão, em três meses, foram mais de 167 milhões de posts e comentários sobre o programa nas redes sociais. Além disso, a edição também bateu recordes de audiência, atingindo o melhor número em onze anos, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A importância de um bom Storytelling

Claro que a pandemia da Covid-19 e o isolamento social em massa foram um dos fatores que colocaram mais espectadores no sofá. Mas precisamos ir além disso. Para explicar a paixão pelo Big Brother Brasil, é preciso falar de uma palavra: identificação. 

Story em inglês é história. Telling é contar. Logo, Storytelling é contar histórias e criar narrativas. Não diferente de filmes, séries e novelas, o BBB conta com uma narrativa. No BBB 20, a edição foi pautada por temas coletivos, como machismo e solidariedade entre as mulheres da casa. Na edição seguinte, apesar das questões étnicas e de orientação sexual e de gênero estarem presentes, principalmente nas primeiras semanas, o tema girou muito mais em torno dos participantes. Ou, no caso dessa novela, dos nossos personagens. 

A Jornada do Herói

E se eu te dissesse que Shrek, Simba, James Bond, Katniss Everdeen, a Rita de Avenida Brasil tem algo em comum com Juliette Freire e Gil do Vigor? Bom, a comparação pode parecer um pouco estranha. Mas o que todos esses personagens têm em comum é o fato de serem protagonistas das suas respectivas histórias. E não para aí! Além de protagonistas, cada um desses personagens atravessa uma jornada, com dúvidas, obstáculos, desafios e uma missão, que eles podem cumprir ou não.

Desenvolvida em 1949 pelo antropólogo Joseph Campbell, a Jornada do Herói, ou monomito, é uma estrutura de storytelling utilizada há muito tempo. Ela está nas pinturas das cavernas, nos mitos, nas lendas, nos romances e obras narrativas em geral. O que Campbell fez foi identificar pontos em comum em todas essas histórias, em que o protagonista supera diversos desafios para se tornar um herói ou uma heroína. E como isso acontece?

  • O lugar comum

Para começar a jornada, o personagem aparece em seu lugar comum e conhecemos a sua rotina. Por exemplo, o Shrek sendo apenas um ogro no seu pântano, muito antes de entrar em guerra contra o tirano Lord Farquaad. 

No BBB, essa parte geralmente é contada através dos perfis de cada participante e de vídeos curtinhos nos intervalos da Globo. 

  • O chamado

Nessa parte, a vida cotidiana do personagem é interrompida por um chamado para uma missão. Primeiro ele acaba rejeitando ou se mostrando em dúvida, mas algo acontece e ele acaba aceitando. 

Lembra quando a Katniss Everdeen decide se voluntariar para entrar nos 74º Jogos Vorazes? Não que ela estivesse muito a fim de entrar num jogo de vida ou morte, né. Mas ela precisou fazer isso para irmã Prim, que tinha sido escolhida antes. 

A participação da Katniss resulta em diversos confrontos com a Capital, elite dominante que organiza os Jogos, e coloca a protagonista como a face da rebelião contra o grupo opressor.

  • Os obstáculos

Alguém já viu um herói sem desafio algum? Então, para se tornar um herói, o protagonista encontra diversos desafios, tentações, provações e inimigos pelo caminho. O embate com esses desafios torna o protagonista cada vez mais forte. 

Esse caminho nem sempre é linear. Por muitas vezes, o protagonista se perde dentro da própria missão, tem vontade de desistir e até desiste de carregar aquele fardo. A trajetória de Gil, por exemplo, ficou marcada no início pela formação do grupo G3. 

Ao lado de Sarah e Juliette, Gil descobriu e ajudou a desmontar o Gabinete do Ódio, formado por Karol Conká, Lumena, Nego Di e Projota. Porém, como em uma boa narrativa de herói, o protagonista acaba se afastando da sua missão original e ele acaba brigando e se afastando de Juliette e precisa se reencontrar dentro do jogo. 

Os desafios enfrentados não são apenas provas semanais ou brigas com outros participantes. Mesmo que o antagonismo seja parte fundamental das brigas, um dos principais desafios de quem entra é contra si mesmo. De família evangélica e rejeitado pelo pai, pudemos acompanhar a trajetória de auto aceitação do brother, caracterizado pela sua animação nas festas, que rendeu o primeiro beijo gay na história do reality. Uma série de embates e provações que colocou Gil como um dos participantes mais icônicos da história do BBB.

A trajetória da maquiadora Juliette Freire não foi diferente. Nascida em Campina Grande, na Paraíba, a sister sofreu discriminação por seu sotaque e temperamento, sendo uma das participantes mais atacadas ao longo do programa. Vítima de acusações e difamações, Juliette enfrentou a discriminação e se fortaleceu no jogo, finalmente se reencontrando com seu velho amigo Gil. 

Atrás apenas de Lucas Penteado em rejeição dentro do jogo, Juliette terminou como a favorita do público, vencendo a grande final com 90,15% dos votos, o maior percentual em uma final tripla desde Kleber Bambam, ganhador da 1ª edição.

  • O retorno

Participar do Big Brother não é apenas sair com 1 milhão e meio. Ou seja, você não precisa mais vencer a final para ter sucesso, basta sair como campeão dentro da sua própria narrativa. Depois de todos os desafios e provações, a jornada termina com o retorno do personagem a sua vida comum, mais forte e preparado, agora transformado em herói/heroína.

Gilberto Nogueira voltou como Gil do Vigor, com quase 10 milhões de seguidores. Além disso, o carisma do brother resultou em um contrato com a Globo, participações no Encontro com Fátima Bernardes e diversos comerciais de televisão. 

Conhecida até hoje como um ‘fenômeno’, Juliette lançou a carreira de cantora, subiu no palco com músicos como  Gilberto Gil e Caetano Veloso, ganhou um documentário no Globoplay e assinou um contrato com a Globo. Nas redes sociais, a sister saiu com 23 milhões de seguidores, acumulando hoje quase 34 milhões de fãs.

Dicas para colocar o Storytelling em prática

Aqui na Cartola, a gente gosta de te mostrar como colocar a teoria na prática. Então, bora explorar essa técnica, cativar a sua audiência e gerar mais conexão e engajamento!

Neil Patel, um dos mais destacados empresários do Marketing Digital no mundo, também acredita que um bom storytelling é fundamental para vender a sua marca e compartilha dicas de como começar.

Anota aí:

Antes de tudo, é preciso decidir o ponto principal da sua mensagem. Uma história que gira apenas em vender e gerar mais engajamento não prende o público e a chance dele deixar de prestar atenção em você é grande. 

Lembre-se: um dos objetivos do Storytelling é gerar ação. De nada adianta as narrativas dentro do jogo se isso não faz o público votar, saca? Assim como no BBB, narrativas pessoais ajudam as pessoas a se identificarem com você e a sua marca a evoluir. 

As pessoas gostam de narrativas que passam conhecimentos que ela pode aplicar no dia a dia. Isso faz com que ela esteja mais propensa a seguir e consumir da sua marca. E não falamos apenas em um produto físico, ok? Essa noção de venda pode ser sobre compartilhar o seu conhecimento em saúde, autoestima, marketing, mercado financeiro, etc.

Estabeleça o seu Call To Action e deixe claro o que a pessoa deve fazer depois. E isso não precisa ser um grande comprometimento. Você pode pedir para ela deixar um comentário, seguir a sua página ou entrar no seu site.

Por último, tenha personagens relacionáveis na sua história. Pessoas gostam de histórias de outras pessoas. Fofoca, né. Sem isso, haverá uma desconexão. Após isso, apresenta o conflito. Quando está tudo bem, as pessoas não se engajam. E no conflito, mostre a solução. 

Feito! Agora você está pronto para ter outra visão sobre o BBB e acompanhar as narrativas dos próximos participantes. Quer ver mais conteúdos como esse? Siga a gente no Instagram e visite cartolaconteudo.com.br/#blog e para mais dicas sobre Marketing e Conteúdo para bombar a sua marca.

Gabriel Bandeira, jornalista e conteudista da Cartola Conteúdo