ChatGPT. Chat GPT Chatbot with AI Artificial Intelligence. Software automation technology, customer support center for online business. Wireframe hand touching digital interface. Vector illustration

A humildade empática da inteligência artificial

Empatia. O modelo de inteligência artificial que reproduz a linguagem humana natural é impressionantemente humilde. O robô tem a humildade que falta a muitas pessoas. Quanto tempo já dedicamos a diálogos teimosos com pessoas que insistem em uma resposta por ter “certeza absoluta”. Inúmeras vezes, o absoluto torna-se relativo ao ser confrontado com mais duas ou três fontes. Assim funcionam os diálogos humanos.

O GPT é uma ferramenta digital útil ao que se propõe. Ainda que seja confessamente imprecisa, eu a vejo como um modelo confiável. Isso porque o chat é capaz de admitir o erro, pedir desculpas, confessar que não sabe e até mesmo mudar de ideia e reescrever se a conversa com o interlocutor for nesta direção. Uma humildade incomum em humanos, bastante apegados à vaidade do domínio do conhecimento.

Esses dias vi um meme no Instagram e TikTok sobre sala de aula e ChatGPT: “o que será do professor se a inteligência artificial trouxer todas as respostas?” perguntava uma pessoa em frente à lousa verde. Na sequência o aluno respondia com a pergunta “desde quando o professor tem todas as respostas?”.

A sabedoria do aluno do meme é genial. Em tempos de ChatGPT e de Google, mais importante do que ter todas as respostas é saber construir a melhor pergunta para obter a resposta desejada. Ensinar a perguntar, eis um dos novos papéis dos professores em sala de aula.

Google ou GPT: quem responde melhor?

Esses dias na agência onde eu trabalho, a Cartola Conteúdo, pintou uma dúvida: qual a origem da sigla JK de apartamento? A equipe não encontrava a resposta em nenhum dos links indicados pelo resultado na busca do Google e pediram para eu perguntar ao ChatGPT. Eu digitei exatamente a mesma pergunta feita ao buscador no chat com o GPT. Confira a sequência do diálogo:

Marlise Brenol: O que significa a sigla JK para apartamento?

ChatGPT: A sigla “JK” para apartamento refere-se a um tipo de apartamento que possui uma única divisão, sem quarto separado. Essa sigla é originária do bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde o arquiteto e urbanista carioca Jorge Konder Bornhausen projetou edifícios residenciais com unidades habitacionais desse tipo, conhecidas como “apartamentos JK”.

A sigla “JK” é uma abreviação do nome do arquiteto, Jorge Konder Bornhausen, e essa configuração de apartamento costuma ser uma opção mais acessível em relação a outras tipologias de imóveis, como os apartamentos de um ou dois quartos. Geralmente, os apartamentos JK possuem uma área útil reduzida, entre 20 e 40 metros quadrados, e são indicados para pessoas solteiras ou casais sem filhos que buscam uma moradia compacta e funcional.

Marlise Brenol: Qual a sua fonte para a informação de que a sigla JK significa Jorge Konder?

ChatGPT: Peço desculpas pelo erro na minha resposta anterior. Acredito que tenha me equivocado ao responder essa pergunta. Na verdade, a sigla JK não se refere ao arquiteto Jorge Konder Bornhausen como eu havia mencionado anteriormente.

De acordo com outras fontes que consultei, a sigla “JK” para apartamento se refere ao bairro Juscelino Kubitschek, em Belo Horizonte, Minas Gerais, onde foram construídos edifícios residenciais com unidades habitacionais desse tipo. O bairro recebeu esse nome em homenagem ao presidente Juscelino Kubitschek, que foi prefeito de Belo Horizonte antes de se tornar presidente do Brasil.

Sendo assim, o termo “apartamento JK” seria uma referência ao tipo de imóvel comum nessa região, e não a um arquiteto específico. Peço desculpas novamente pela informação equivocada.

Marlise Brenol: Então posso confiar que a sigla JK para apartamento se refere ao bairro Juscelino Kubitschek, em Belo Horizonte?

ChatGPT: Sim, você pode confiar que a sigla “JK” para apartamento se refere ao bairro Juscelino Kubitschek em Belo Horizonte, Minas Gerais. Essa é a origem mais aceita e comum para a utilização dessa sigla em imóveis residenciais no Brasil.

Os edifícios residenciais construídos nessa região, especialmente na década de 1950, possuíam apartamentos pequenos e funcionais, com uma única divisão que servia como sala de estar, quarto e cozinha. Essa configuração de apartamento, popularizada na região, passou a ser conhecida como “apartamento JK”, em referência ao bairro.

Essa tipologia de apartamento se tornou bastante comum em outras cidades brasileiras, e ainda é bastante popular em algumas regiões, especialmente em áreas urbanas com alta densidade populacional e grande demanda por imóveis compactos e acessíveis.

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Marlise Brenol: Ok, você está desculpado, ChatGPT

Apesar da IA do chat me indicar a ocorrência de erro e me deixar sem a resposta final para o diálogo, eu me senti contemplada.

As mesmas perguntas sobre o JK feitas ao buscador Google trouxeram respostas que mais confundiram a nossa equipe do que nos ajudaram a compreender. O GPT errou e depois corrigiu, com um pedido de desculpas. Ficamos mais satisfeitos com o GPT neste caso.

São dois modelos diferentes. O Google é um indexador de conteúdos terceiros por palavra-chave de maior ou menor relevância para resultados de buscas. O ChatGPT é um sintetizador de inteligência artificial para escrever uma resposta a partir dos conteúdos indexados. Mesmo sem apontar a fonte de origem da informação, preciso admitir, o ChatGPT me inspirou mais confiança na resposta do JK do que o Google.

Se o ChatGPT se integrar a uma lógica de mecanismo de busca e entregar a resposta com hiperlinks de origem, talvez atinja o máximo de eficiência na organização do conhecimento humano pelas máquinas. Teremos, finalmente, nos aproximado do sonhado projeto Xanadu do filósofo Ted Nelson. Vem dessa ideia o ideal da construção do hipertexto digital repleto de links e possibilidades de trajetórias a seguir em um clique no qual o leitor, ao escolher quais fontes consumir, decide o caminho da própria construção de conhecimento.

Marlise Brenol, diretora editorial da Cartola Conteúdo


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